O
projeto de extensão do Plano de Bairro 2 de Julho, no período de abril a julho
de 2016, realizou nove Oficinas de Cartografia Social no bairro, em
colaboração com o Movimento Nosso Bairro é 2 de Julho (MNB2J). A atividade
integra um projeto mais amplo de Cartografia Social organizado pela Articulação
dos Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador e com apoio do IDEAS - Assessoria Popular, sendo desenvolvido em conjunto
com quatro comunidades do centro antigo: Bairro 2 de Julho, Gamboa de Baixo, Artífices
da Ladeira da Conceição e ocupações do Movimento Sem Teto da Bahia - MSTB. No
Bairro 2 de Julho, o projeto teve como enfoque a elaboração coletiva de
propostas para os vazios urbanos existentes na área.
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Vazio Urbano escolhido para desenvolver proposta de uso. |
Vazios urbanos - Os vazios urbanos são edificações ou terrenos que
permanecem inocupados ou subutilizados, esvaziados da sua função social, muitas
vezes por razões especulativas, por serem localizados em áreas de grande
interesse imobiliário pelos seus atributos históricos, culturais e
paisagísticos. Este processo de abandono, deterioração física e desvalorização
econômica também contribui para aumentar o lucro do mercado imobiliário. O
(mal) uso destes vazios pode acarretar impactos negativos para a população
moradora, principalmente para o segmento de baixa renda, que muitas vezes acaba
sendo expulso dessas áreas. Um dos objetivos do Plano de Bairro é elaborar
propostas de uso para esses vazios, contribuindo para a permanência e qualidade
de vida dos habitantes. Para isso, optou-se pelo método da cartografia social.
Cartografia social - A cartografia social é uma metodologia
alternativa de representação gráfica do espaço que permite que a elaboração de
mapas não se concentre nas mãos dos técnicos e seja transferida para as mãos
dos sujeitos que habitam e utilizam os espaços, refletindo suas próprias visões.
Esse processo inclui uma diversidade ilimitada de formas de representação espacial
que vão dos mais intuitivos (como mapas efêmeros, mapas mentais) aos mais
técnicos (a exemplo de GIS, imagens satélite, modelagem 3D, etc.). Esse método
também se distingue da cartografia convencional por produzir mapas que têm
objetivos sociais, ambientais e/ou políticos explicitados.
Participantes reunidos na 2ª Oficina de Cartografia Social. |
Participantes apresentando os resultados desenvolvidos. |
No espaço da praça, propôs-se incluir um anfiteatro, áreas de lazer, banheiros, bebedouros públicos, bem como hortas e um galinheiro comunitários, que fariam parte de uma cooperativa de moradores/as a ser montada em um casarão desocupado que limita lateralmente o vazio. Nessa cooperativa funcionariam também uma creche e uma pequena loja para venda de insumos produzidos no local.
Foi proposto ainda usar as casas abandonadas da antiga Vila existente, para a criação de um conjunto de habitação social que teria acesso à praça. O modelo da praça foi feito utilizando o programa de computador Sketchup Make, um software livre de modelagem tridimensional de fácil obtenção e instrumentação. Num primeiro momento, ocorreram atividades de descoberta do software pelos/as participantes, onde eles puderam perceber, utilizando o Sketchup, as facilidades, possibilidades e limitações do programa. Depois, com base nas propostas dos desenhos coletivos foi feita a modelagem virtual da praça sobre o vazio.
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Modelagem da proposta elaborada durante as oficinas. |
As atividades da Cartografia Social no Bairro 2 de Julho resultaram não apenas nos produtos, desenhos, usos e modelos propostos para os vazios, mas também demonstraram, conforme os relatos dos/as moradores/as que participaram, a importância social e política de construir coletivamente novas formas de pensar e planejar o espaço urbano.