A oficina do Plano de
Bairro ocorreu no Centro de Estudos Afro-Orientais
Um grupo diverso e participativo reuniu-se, no dia 24 de novembro, para elaborar
propostas coletivas de melhoria para o bairro 2 de Julho. Nessa oficina, os
participantes pontuaram questões que vem atingindo o bairro e o centro da
cidade, como os imóveis em ruínas ou sem uso; ameaças de desapropriações
e remoção de moradores; projetos não participativos que podem gerar processos
de gentrificação e higienização; privatização da paisagem e de espaços públicos;
ameaça ao direito à moradia; vulnerabilidade da região central, em especial atingindo
mulheres e a população negra.
Participantes debatem o bairro 2 de Julho na terceira oficina de Propostas, no Centro de Estudos Afro-Orientais |
Por outro lado, para a construção um bairro e uma cidade melhor, o grupo
destacou a importância da valorização da cultura, da educação, dos valores
históricos e identitários do bairro, bem como da ação coletiva e dos processos
de lutas e resistências pelo direito à cidade, que podem ressignificar espaços e
gerar transformações, pois, como observou um dos participantes, “a cidade nos
pertence”.
Painéis informativos: potencialidades e problemas do 2 de Julho |
Para nortear as propostas a serem feitas, além das informações sobre os
problemas e potencialidades do bairro, os/as moradores/as levantaram algumas questões
como: A quem interessa o bairro? Quem decide onde podemos morar? Quais memórias
são mantidas e quais são expulsas e apagadas? Quem se beneficia com o abandono
do centro e os projetos de intervenção?
Nesse sentido, os participantes observaram como importante atuar em
relação à ação imobiliária, econômica e corporativa que atinge o bairro e outras
áreas do centro, no caso de projetos não participativos, que não beneficiem a
coletividade de moradores/as e a população mais vulnerável. Além disso, foram
feitas propostas específicas de melhoria para o bairro, dentre elas: habitação
social em vazios urbanos, contribuindo na redução do déficit habitacional e do
esvaziamento da população, além da permanência das famílias atingidas pelos
decretos de desapropriação; ações relacionadas à cultura e ao patrimônio, com a
valorização de artistas e da cultura local, articulação com espaços culturais
do entorno e restauração das fontes de água desativadas; melhoria da mobilidade
e acessibilidade que facilitem ligação entre partes alta e baixa do bairro; atividades
itinerantes de lazer para idosos/as; creches públicas; construção de espaço
público de apoio para a guarda de material de ambulantes; ações de paisagismo, arborização
e conscientização ambiental; horta recreativa; ações de segurança colaborativa;
melhoria da coleta seletiva de lixo e pontos de coleta nas feiras; contenção e
manutenção das encostas do bairro.
Panfleto de divulgação da Oficina no CEAO |
Os/as moradores apontaram que as propostas de melhoria para o bairro devem
envolver responsabilidades do poder público e também ações de moradores, destacando-se a importância de mobilização da comunidade.
A Oficina no CEAO finaliza
o ciclo de Oficinas de Propostas do Plano de Bairro 2 de Julho, realizadas em
novembro de 2016, com atividades que iniciaram no Colégio Ypiranga e no Centro Cultural Que Ladeira é Essa. A próxima e última Oficina será de consolidação e ajustes
finais de todas as propostas que foram elaboradas até o momento pelos/as
moradores/as.
O Plano de Bairro 2 de Julho é
um projeto de extensão desenvolvido desde 2014 em parceria com movimentos,
organizações e moradores/as do bairro, pelo Grupo de Pesquisa Lugar Comum da
Faculdade de Arquitetura da UFBA.
Parte do grupo de participantes da terceira Oficina de Propostas do Plano de Bairro 2 de Julho |